Manifesto

A Empresa Leve

Na crise, reduzir custo é importante, mas saber ouvir é essencial

Queda nas vendas, redução da lucratividade, dificuldade de acesso ao crédito, alta nos juros e custos crescentes. Vivemos dias pesados que tornam o ambiente econômico mais complexos. Diante disso, toda empresa precisa reduzir despesas para sobreviver. Mas como fazer isso? O receituário padrão adota o corte de pessoal como primeira medida.

Acredito, porém, que esse remédio amargo está ultrapassado por combater os sintomas da doença e não suas causas. Ao demitir funcionários, a empresa continuará realizando seus processos. A diferença é que as pessoas que ficaram estarão mais pressionadas e desestimuladas. Isso sem falar no investimento em treinamentos que foram embora junto com os demitidos.

Para ser uma organização leve e de baixo custo é preciso rever a forma de se operar. Apenas uma drástica redução das despesas pode proporcionar isso. No entanto, essa redução só é possível com a ajuda de quem conhece profundamente os processos da companhia: seus funcionários.

Quando fui executivo de uma grande empresa implantamos um programa de Análise de Valor em meio a uma crise.

Em 45 dias definimos uma nova forma de operar com uma redução de despesas de dezenas de milhões de reais, corte de custos acima de 20% por departamento e sem demissões em massa.

Este é o momento ideal para discutirmos com nossos colaboradores sobre a melhor forma de simplificar os processos, perguntando: por que fazemos isso? Por que fazemos dessa forma? É possível fazer de outro jeito e mais barato?

Isso se faz com a participação das pessoas e não com sua demissão.

Os que forem escolhidos como participantes mapeiam os processos da empresa, ordenando as atividades e serviços resultantes, bem como seus custos. Quando terminam, eles têm uma descrição completa do que é feito em seus departamentos e quanto custa cada atividade e serviço em detalhe. A partir daí a missão se transforma em usar a criatividade para “reinventar” a empresa, criar ideias de redução de custos revisando a demanda que conduz à criação dos serviços. Incentivamos os participantes a inovar e eliminar todos os serviços não essenciais e ensinamos como utilizar técnicas de análise de valor para avaliar cada atividade e serviço, encontrando o que pode ser mudado, a partir das perguntas: “Por que fazemos isso? Por que fazemos dessa maneira? Como podemos fazer mais barato?”

E assim, o ambiente pesado de pessimismo é substituído pelo clima de entusiasmo de transformar a empresa em uma organização leve e ajudá-la a atravessar a crise.

Ouça as pessoas da sua empresa: elas têm muito a dizer!

José Luiz Panzeri

joseluiz@panzeri.com.br